segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Poemas etílicos (Canção do Etílico)


Minha terra tem garapa
Que se pode destilar
A cachaça que aqui é feita
Não é feita como lá

Nossa cana tem mais álcool
Nossos bares mais licor
Nossos botecos têm mais pinga
Nossa pinga é um primor

Em beber, sozinha, à noite
Mais embriagada eu fico lá
Minha terra tem garapa
Que se pode destilar

Minha terra tem etílicos
Que tais não encontro cá
Em beber- sozinha, à noite-
Mais embriagada eu fico lá
Minha terra tem garapa
Que se pode destilar

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte a tomar
Sem que beba a tal cachaça
Que não encontro por cá
Sem qu´inda prove a garapa
Que se pode destilar

Mendicância poética


Eu poderia estar matando
Eu poderia estar roubando
Poderia estar até estuprando
Mas estou aqui, humildemente
Na frente deste computador
Expressando, angustiantemente
Minha tristeza e minha dor

Peço um minuto da sua atenção
Sei que tempo é questão de escolha
Leia minhas lamúrias para que então
Eu me sinta ouvida e me recolha

Ouça, perdi meu coração naquela praça
E minha cabeça eu perdi naquele beco
Faz uma semana que me afogo na cachaça
Mas tenho sede mesmo é de prosecco

Amigo, não tomarei mais o seu tempo
Sua vida continua e a minha também
Que a minha dor sirva-lhe de exemplo
Para você dar valor à sobriedade que ainda tem

A las cinco de la tarde


A las cinco de la tarde de uma segunda-feira ensolarada (há um tempo atrás) foi quando conheci o trabalho de um dos poetas mais fascinantes de todos os tempos. E hoje, como sua fã, acabo de ler "Romancero gitano" (finalmente). Por que Federico García Lorca é meu guti guti da poesia? Em primeiro lugar, ele tem sangue andaluz e eu sou apaixonada por música flamenca. Inclusive leio seus poemas com trilha sonora de Paco, sempre :). Outra coisa é que, como bom geminiano, ele tem o dom da palavra- aquela palavra que marca, que fica, que traduz. (Deixando bem claro que existe o gêmeo bom e o gêmeo mal. Este último usa seu dom pra fazer fofoca e propagar informações inúteis que não me interessam. Já o gêmeo bom, possui, além de talento com as palavras, uma sensibilidade artística, como no caso de Chico Buarque, Flávio José, Fernando Pessoa e outros). E por último, eu prefiro ler em espanhol do que em qualquer outro idioma. Não é por isso, contudo, que não deva apreciar poetas brasileiros, muito pelo contrário. Eu podia escrever muitas linhas falando sobre a poesia no Brasil- que na minha opinião é de excelente qualidade, em todos os estilos. Mas essa postagem é dedicada à minha babação por García Lorca e punto. Mas já que toquei no assunto, nada me impede de comentar que Augusto dos Anjos sempre foi meu preferido da língua portuguesa, sobretudo porque ele escrevia sonetos- e eu adoro soneto. Acho inclusive difícil escrevê-lo (o clássico italiano), por isso aprecio muito quem o faz. García Lorca não tinha predileção pelo soneto clássico, mas me lembro de vários. Eis um dos mais conhecidos (talvez) e também é um dos meus preferidos:

EL POETA PIDE A SU AMOR QUE LE ESCRIBA

Amor de mis entrañas, viva muerte,
en vano espero tu palabra escrita
y pienso, con la flor que se marchita,
que si vivo sin mí quiero perderte.

El aire es inmortal. La piedra inerte
ni conoce la sombra ni la evita.
Corazón interior no necesita
la miel helada que la luna vierte.

Pero yo te sufrí. Rasgué mis venas,
tigre y paloma, sobre tu cintura
en duelo de mordiscos y azucenas.

Llena pues de palabras mi locura
o déjame vivir en mi serena
noche del alma para siempre oscura.

É impossível escolher o melhor ou os melhores poemas dele, pois são todos muito bem escritos. Mas este, por ser um soneto, chamou minha atenção. E sim, comecei a escrever alguns sonetos (sempre começo e nunca termino). Assim que terminar algum, publicá-lo-ei. Só não sei quando, rs.
"A las cinco de la tarde" é o primeiro verso de "La cogida y la muerte".

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Santiago do Vinho Santo


Naquele dia
Na Estação de Santa Lucía
Tomei o metrô- e já era noite
A cidade inteira bebia
Cantava o sorriso de uma sexta-feira
E as águas já se agitavam no Pacífico

Era alta madrugada
Quando a cidade, embriagada
Em pasitos sinuosos
Pelas ruas tentava caminhar
Mas num passo descuidado
De quem olha para o lado
A cidade desabou

Óh Santiago do Carménère!
Que grande porre tomaste
Para que caíste daquele jeito!
Canto a tua embriaguez
Canto a tua dança imprudente
de boêmio pela noite
E tua ressaca amanhecida no caos

Poemas etílicos (Água dura)


Água dura e fígado mole
Tanto bebe e tanto engole
Água dura e sacarose
Tanto bebe e dá cirrose

A cirrose não tem cura
Óh tanto bebe a água dura
Pra curar coração mole
Água dura é que se engole

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Poemas etílicos (Beba comigo essa noite)


Beba comigo essa noite
Que não te arrependerás
Aqui terás bom Scotch
Que no boteco não há

Terás cerveja e licor
Tequila añejo terás
Beba comigo essa noite
Que não te arrependerás

Quero brindar com prosecco
Beber e me embriagar
Esquecer que nosso fígado
Um dia pode pifar

Eu servirei aguardente
Com gelo, açúcar e limão
Beba comigo essa noite
Até cairmos no chão

Poemas etílicos (Esse Whisky)


Se esse whisky, se esse whisky fosse meu
Eu tomava, eu tomava de uma vez
Com pedrinhas, com pedrinhas de gelo
Para estimular a minha embriaguez

Esse whisky, esse whisky tem um nome
Que se chama, que se chama Johnnie Walker
Esse nome tinha um verso tão bonito
Que dizia, que dizia "Keep walking"

Poemas etílicos (Caninha)


Cachaça, cachacinha
Vamos todos cachaçar
Vou fazer caipirinha
Pra gente se embriagar

A garrafa que me deste
Era vidro e se quebrou
Toda pinga ali contida
De uma vez só derramou

A volta da blogueira


Google,
Aqui me tens de regresso
E suplicante te peço
A minha nova inscrição
Voltei pra terminar as histórias que um dia
Eu salvei no blog mas não queria
Publicar sem fazer uma revisão
Google,
Sabendo que andei distante
Desse notebook gigante
Minha conta quiseste cancelar
Mas ela voltou
A blogueira voltou novamente
Partiu daqui tão de repente
Por que razão quer retornar?