sexta-feira, 4 de março de 2011

Aconteceu na Tabela Periódica


E eis que um belo dia o Carbono acorda e diz ao Oxigênio:
-Amigo, preciso lhe dizer.
-O que lhe aflige, caro Carbono?
-Eu nunca gostei de ser tetravalente. Nunca gostei de pertecer à família 4A. EU SOU MUITO MAIS DO QUE ISSO!
-Acalme-se, meu rapaz. Diga-me, o que tanto lhe incomoda na família?
-Não sei dizer, mas é que não temos muito destaque na tabela periódica. Minha família nem sequer tem um nome. E eu sou um elemento tão dedicado. Passei minha vida toda trabalhando noite e dia. Trabalhei em diversas áreas, da glicose ao diamante, principalmente ao lado de elementos importantes como você e o solitário Hidrogênio. Não é justo essa falta de reconhecimento.
-A vida é dura como um diamante e fria como a água.
-Não posso aceitar tanta exploração sem algum reconhecimento. Os gases nobres estão lá, parasitando no Clero da sociedade. Não se misturam com ninguém, não ajudam, vivem soltos por aí fazendo o que bem entendem. Os metais nobres então, vivem na Corte com seus trilhões de súditos, não servem pra quase nada, só pra enfeitar. Eles não compoem os seres vivos, não são essenciais para a vida, sabe? Os metais alcalinos ainda fazem alguma coisa, assim como os alcalinos terrosos, mas ainda assim não trabalham como eu e você. Aliás, você, calcogênio e os halogênios possuem ao menos um nome, e eu nada. Não sou nada e ainda assim sou o único que participa da pedra mais dura do universo. Faço mirabolâncias pra deixar as pessoas mais bonitas, para alimentá-las, pra produzir energia...
-Você é alguém, sim. Você é o Carbono, meu querido Carby ♥. Eu não tenho vergonha de você e quero assumir nosso namoro para todos o mais rápido possível. Vamos compartilhar nossos elétrons e fazer CO2 para sempre.
-Você fala essas coisas, mas eu sei que tem um caso com o Hidro.
-Ah, com o Hidro foi só passatempo. Ele é muito egoísta e não possui metade das suas qualidades. Eu amo mesmo é você.
-Sério?
-Sim, Carby. Abrace-me forte, sinta meus íons tocando os seus...
-Ohh, como isso é bom...

[MONÓXIDO DE CARBONO SAINDO DA CHAMINÉ]

quinta-feira, 3 de março de 2011

MONDO



Série "melhores filmes da minha vida". Não falarei sobre todos, mas apenas alguns, na medida em que eu me lembre deles, e que consiga ser breve, pois é quase impossível pra mim falar de uma obra sem falar de seu autor e entrar em detalhes. Tentarei focar-me apenas na obra. Este aqui é do francês-argelino-cigano Tony Gatlif. O filme conta a história de Mondo, um menino- talvez de origem cigana- que aparece de repente numa cidade francesa, sozinho, e que não sabe de onde veio. O mais interessante do filme é que ele mostra as vantagens e desvantagens de estar sozinho no mundo. O garoto não tem lar, proteção e identidade, mas no entanto possui liberdade, não só de ir pra onde quiser, mas de conhecer pessoas novas, de fazer amizade com quem deseja e aprender o que tem vontade. Mondo é visivelmente um amante da liberdade e da independência. A impressão que o personagem me passou é que ele não quer se "ajustar" à sociedade. Quando chega um policial para tirá-lo das ruas, ele foge, tem medo. A polícia é vista como uma força opressora do Estado, que age indiscriminadamente . O menino representa muito bem o povo cigano, ou a "alma do cigano": ele sofre preconceito das autoridades por ser uma criança "solta", por não ter noção de suas origens, e por isso é tachado de perigoso, quando na verdade ele não passa de uma criança inofensiva e carismática, que deseja ter um lar (algumas vezes ele pára pessoas na rua e pergunta, com um sorriso no rosto, se a pessoa quer adotá-lo), mas não abre mão da liberdade. Quem conhece Tony Gatlif, sabe que suas obras são voltadas para o combate ao estereótipo que existe (e a ignorância) em relação aos ciganos. Quem não o conhece, vale a pena conhecer. Mondo é um filme leve, que pode ser visto por todos, e que nos faz refletir sobre um mundo que desconhecemos e ignoramos, mas que está presente na vida de muitos.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Follow the yellow brick road [siga o padrão ouro]


O Mágico de Oz. E você achava que era só mais uma estorinha infantil sobre mágicos, bruxas e fadas. Não, meu caro leitor. Americano que se preze, nunca perde a oportunidade de fazer uma lavagem cerebral por meio da arte, antes mesmo do cinema e de hollywood. Sempre há uma mensagem obscura por trás de gnomos e bichinhos silvestres. Haha. Bem, dessa vez a tal lavagem foi, ao meu ver, mais leve, digamos assim. Apenas um descontentamento de pessoas honestas e trabalhadoras. Trata-se de um apelo ao uso do bimetalismo numa época de deflação. No mundo econômico essa história não é novidade, mas muita gente leiga desconhece o caso. Vou explicá-lo melhor (do jeito que entendi): Começando pelo nome "Oz", que é o símbolo da onça, medida de peso nos EUA. Naquela época, o ouro era o único metal usado como moeda, e portanto sua escassez causava uma falta de liquidez na economia, gerando deflação. Quem se beneficiava com isso eram os banqueiros e financistas do leste, com os juros altos, e eram eles os defensores do padrão-ouro. Só que a falta de liquidez prejudicava os setores mais produtivos e tirava o emprego de agricultores e operários, por causa da taxa de juros elevada. Se houvesse outro metal em circulação, como a prata, a liquidez aumentaria e os juros baixariam, movendo o setor produtivo da economia. Daí então surge um furacão no Kansas (analogia ao movimeto populista de fazendeiros arruinados que cresce com aderencia de outras camadas e luta fortemente contra os financistas e poderosos de Washington) e Dorothy, que representa o povo americano dentro desse movimento, cai justamente sobre a bruxa do leste (analogia com os banqueiros de New York). A bruxa morre e sobram apenas os sapatos de prata (que simboliza, obviamente, a prata, esperança para o uso do bimetalismo). No filme, os sapatos de prata são substituídos por sapatos de rubi. Para voltar pra casa (ou seja, para retornar ao Kansas com as dívidas pagas e dinheiro para investimento), Dorothy precisa encontrar o Mágico de Oz (presidente do partido republicano Mark Hanna) seguindo a estrada de tijolos amarelos, uma clara analogia ao padrão ouro da época. No caminho encontra um espantalho (agricultores arruinados), o homem de lata (operários desempregados) e o Leão covarde (William Bryan, ex-candidato à presidência e defensor do bimetalismo, que no entanto parecia às vezes divergir sua posição quanto ao tema, sendo chamado de covarde ou traidor). Esses personagens se encontram ao longo da narrativa e vão juntos em busca do Mágico na cidade das Esmeraldas (Washington DC). A esmeralda é uma analogia ao verde do dólar. O grupo finalmente encontra o Mágico, que impõe uma condição para fazer a "mágica": devem matar a bruxa do oeste. Essa bruxa seria talvez as forças da natureza, como a falta de chuva, que prejudica as plantações. Dorothy acaba matando a bruxa por acidente com um balde de água. A analogia com a água é que, além de ser essencial para a agricultura, ela também representa a "liquidez", mais uma vez reforçando as vantagens do bimetalismo. Por fim, quando Dorothy volta ao mágico para que ele cumpra a promessa de levá-la de volta pra casa, ela descobre que ele não é mágico, é um homem comum e não pode ajudá-la, o que é uma analogia ao mito de que o padrão ouro seria a solução. Frustrada, ela acaba encontrando uma fada que a aconselha a bater nos sapatinhos de prata e fechar os olhos. Ela finalmente consegue voltar ao Kansas. O desfecho da estória fala justamente sobre o uso da prata (bimetalismo) como único caminho viável para a solução do problema da falta de liquidez e da crise econômica. Daí tudo acaba bem e o povo americano fica rico e feliz, rs. Fiquei sabendo que a Disney está produzindo um "prelúdio do Mágico de Oz": "Oz, the great and powerful", que será dirigido pelo cara da trilogia do homem-aranha. Credo.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A excêntrica vida de Lupicino Gerundiano (Parte 1)


PS: essa peça é uma ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Patrocínio: Grife BM´s sun glasses

EL ANTIFAZ DRAMATURGIA APRESENTA:

UMA PRODUÇÃO DE: Melina Passos

A EXCÊNTRICA VIDA DE LUPICINO GERUNDIANO

"Amor, só de mãe. Paixão, só de Cristo. Quem quiser me amar, sofra ofra ofra."

PERSONAGENS:

LUPICINO GERUNDIANO: jovem alto, pálido, cabelo rubro, voz grave, temperamento forte.
MANOEL DA PADARIA: pai de Lupicino, baixo, moreno, bigodudo, medroso.
MÃE: mãe de Lupicino, alta, branca, ruiva, temperamento forte.
ERASMO: gato de Lupicino, Pêlo amarelo e branco.
IRMÃO MAIS VELHO: irmão de Lupicino, pessoa folgada.
GARÇOM: garçom do boteco
VELHA: macumbeira da região
LOUCA: senhora embriagada
MARTINI: empresário

CARUARU-PE, 2010

PRIMEIRO ATO [música de Billie Holiday]

CENA 1: [Ouve-se gritaria pela casa]

MANOEL DA PADARIA: [entrando desesperadamente no quarto de Lupicino e trancando a porta]

"Lupicino! Me ajuda, por favor! Preciso me esconder."

LUPICINO:

"Mas que diabos está acontecendo nessa casa?"

MANOEL DA PADARIA:

"Tua mãe, Lupicino! Ela quer me bater. Não deixa ela entrar!"

LUPICINO:

"Era só o que faltava! Vai, sai daqui. Não quero saber de defunto no meu quarto."

MÃE DE LUPICINO: [portando uma faca]

"Segura esse desinfeliz! É hoje que eu acabo com a raça dele!"

MANOEL DA PADARIA:

"Estás vendo, Lupicino? Ela está fora de si. Não abra essa porta."

LUPICINO:

"Oras, pensas tu que isso é programa da Marcia Goldschimidt? Vós que resolvais vossos problemas. Retirar-me-ei daqui em busca de paz. E tem mais uma coisa: homem frouxo tem mais é que apanhar de mulher mesmo. [sai do quarto e deixa a porta aberta]

Cena 2:

[Lupicino vai ao banheiro, mas se depara com a porta trancada. Vai no outro banheiro e, a mesma coisa. Resolve bater na porta]

LUPICINO:

"Quem defeca?"

IRMÃO MAIS VELHO:

"Sou eu"

LUPICINO:

"Por que hesitas tanto em libertar essa bosta dos infernos que habita teu cu bolorento? Quero dar uma mijada."

IRMÃO MAIS VELHO:

"Problema teu. O cu é meu e cago quando quiser."

LUPICINO:

"Ratazana. Preciso sair dessa casa. É muito cu pra pouco banheiro. Preciso de um mijador só pra mim." [senta no sofá e abraça seu gato Erasmo]

ERASMO:

"Miau."

LUPICINO:

"Também cansei dessas ratazanas, Erasmo. Quando a porta do banheiro se abrir, essa casa vai feder mais do que desodorante vencido no subaco.

[barulho de descarga]

IRMÃO MAIS VELHO: [saindo do banheiro feliz]

"Ah, como é bom respirar ar puro..."

LUPICINO:

"Pois o único ar que eu respiro aqui é o ar do teu cu, Ó diabo. Tinhas que abrir a porta do banheiro depois de parir tua merda diarrenta? Devias era ter colocado uma placa 'Interditado por dois dias'."

IRMÃO MAIS VELHO:

"E tua merda cheira a Dior, suponho."

LUPICINO:

"Exato. Na última conversa que eu tive com o Christian, ele pediu para que eu lhe enviasse um fax com o número da minha conta pra depositar a minha parte pela contribuição no último perfume lançado pela grife."

IRMÃO MAIS VELHO:

"Tu és tão rude e ficas te fazendo de phyno. Chegas nos lugares falando alto e cantando como se não houvesse amanhã. De cada dez frases tuas, nove possuem pelo menos um palavrão ou ofensa pessoal."

LUPICINO:

"Sou educado, oras. Por obséquio, tome no seu cu, sim?"

IRMÃO MAIS VELHO:

"E ainda se acha engraçado, aposto. Acha-se o máximo emitindo palavras de baixo calão e ofensas primitivas como "cu". É muita hipocrisia de algumas pessoas ao tentar se passar por phynas quando no fundo só sabem falar palavrão."

LUPICINO: [levantando-se, alterado]

"Bom se o problema do palavrão é comigo, tome no seu com uma vara dobrada 3 vezes, rode e dance a macarena, depois quede bem no olho da roda de sansara. Que idiotice, todo mundo fala palavrão, todo mundo tem um cu. Isso sim é hipocrisia: negar a existencia do furo. Venha, Erasmo. Vamos sair daqui. Não quero que te mistures com essa gentalha. /florinda"

ERASMO: [fazendo careta]

"Miau! Miau! Blrrr."

[Lupicino sai da casa com o gato]

CENA 3:

[Lupicino encontra um matagal, onde consegue mijar em paz. Logo depois, acende um cigarro e caminha pelas ruas com seu gato na noite de inverno]

CORAL:

"Is this the real life?
Is this just fantasy?
Caught in a landslide
No escape from reality
Open your eyes
Look up to the skies and see
I'm just a poor boy (Poor boy)
I need no sympathy
Because I'm easy come, easy go
Little high, little low"


LUPICINO:

"Anyway the wind blows, nothing realy matter to me. To me..."

[entra no boteco]

GARÇOM:

"Olá, Lupicino. o que vais querer hoje?

LUPICINO:

"Uma dose de tequila 100% agave pra mim e uma xícara de leite pro gato."

GARÇOM:

"Desculpa, não trabalhamos com laticínios."

LUPICINO:

"Que decadência, hein. Com tanta vaca nessa cidade, era de se esperar que a oferta de leite fosse maior. Bom, mas sendo assim, duas doses de tequila 100% agave."

GARÇOM:

"O gato vai beber tequila?"

LUPICINO:

"Mas é claro, oras. Faremos um brinde em homenagem a Paola Bracho, em seguida o ritual com sal e limão, botaremos pra dentro de uma vez só a "margosa" e cantaremos 'La Cucaracha' versão Calipso na joça. O Erasmo interpretará a Joelma, dando gritinhos esparsos durante a canção, e eu serei o Chimbinha visual coccon".

[Garçom sai e volta com o pedido. Lupicino toma as duas doses de tequila]

LUPICINO:

"É como eu te disse, Erasmo. Esse ano...esse ano tudo vai mudar. Ano passado ó...já era. Está tudo acabado. Nada mais importa. Nada mais importa...As pessoas olham pra mim e pensam talvez que eu sou de outro planeta. Imagina só, Erasmo. Vontade de dizer 'Não. sou daqui mesmo. Nasci no meio dessa imbecilidade.'

ERASMO:

"Miauuu."

LUPICINO:

"Nada mais importa...Não existe inocente nesse mundo. Não existe inocente, o que existe é esperto ao contrário /estamira. Chega!"

LUPICINO: [chamando o garçom]

"Emily, traga mais tequila, sim?"

GARÇOM:

"Aqui está. Não me chamo Emily."

LUPICINO:

"Emily, o gato tem sede. Faça alguma coisa."

GARÇOM:

"Já disse que não trabalhamos com laticínios. Mas posso trazer um pouco de água."

LUPICINO:

"Não. Hoje nós queremos nos embriagar. Não terias por acaso algum vinho? Mas tem que ser francês, o Erasmo é muito exigente. Desde o dia em que eu o ensinei a miar em francês, ele cismou em comer os caracóis do quintal lá de casa, pensando que eram scargot."

GARÇOM:

"Não temos vinho francês, mas temos um português."

LUPICINO:

"Deixe-me ver."

[o garçom traz o vinho]

GARÇOM:

"Vinho Periquita. Tinto seco, elaborado com uvas viníferas tintas européias. É muito bom. Estamos com um preço promocional de 20 reais a garrafa."

LUPICINO:

"Mas veja se eu vou dar 20 reais numa periquita. O Erasmo não aprovou o produto. Saia da minha frente, Emily."

GARÇOM:

"Eu já disse que meu nome não é Emily."

LUPICINO:

"Sei disso. Emily é o arquetipo do serviçal/subalterno, by Miranda Priestly."

GARÇOM:

"Nossa, que engraçado."

LUPICINO:

"Aliás, traga-me logo a conta. Sabe de uma? Vou sair dessa birosca. Como diria Bia Falcão: pobreza pega. E um boteco que não serve vinho francês, não merece meu respeito nem o respeito de Edite Piaf. /rica"

GARÇOM:

"Haha. Sertanejo do Nordeste tirando onda de gringo. Era só o que faltava pra terminar minha noite."

LUPICINO:

"Não me confunda com tua infância, calango safado. Traga logo esse diabo dessa conta que não quero tardar a partir desse boteco de quinta."

ERASMO:

"Miô."


CENA 4:

[Lupicino, embriagado, erra pelas ruas com o gato, e não consegue se lembrar do caminho de casa]

LUPICINO:

"Não se aflija, amigo. Como diria o Mestre dos Magos: O caminho de volta pra casa está mais perto do que vocês imaginam, crianças."

ERASMO:

"Miau."

LUPICINO:

"Mama, ooh
Didn't mean to make you cry
If I'm not back again this time tomorrow
Carry on, carry on as if nothing really matters
Too late, my time has come
Sends shivers down my spine
Body's aching all the time
Goodbye, everybody
I've got to go
Gotta leave you all behind and face the truth
Mama, oooooooh (Anyway the wind blows)
I don't want to die
Sometimes wish I'd never been born at all

[Erasmo começa a correr]

LUPICINO:

"Uni! Volta aqui, unicórnio safado!" [corre atrás do gato]

CORAL:

I see a little silhouetto of a man
Scaramouch, Scaramouch, will you do the Fandango
Thunderbolt and lightning, very, very frightening me
(Galileo) Galileo (Galileo) Galileo, Galileo Figaro
Magnifico-o-o-o-o
I'm just a poor boy nobody loves me
He's just a poor boy from a poor family
Spare him his life from this monstrosity

Easy come, easy go, will you let me go?
Bismillah! No, we will not let you go
Let him go
Bismillah! We will not let you go
Let him go
Bismillah! We will not let you go
Let me go (Will not let you go)
Let me go (Will not let you go) (Never, never, never, never)
Let me go, o, o, o, o
No, no, no, no, no, no, no
(Oh mama mia, mama mia) Mama Mia, let me go
Beelzebub has the devil put aside for me, for me, for me!

LUPICINO: [correndo atrás do gato]

"So you think you can stone me and spit in my eye
So you think you can love me and leave me to die
Oh, baby, can't do this to me, baby
Just gotta get out, just gotta get right outta here"

[gato encontra a casa e eles param de correr]

LUPICINO:

"Uni, achaste o caminho de casa!

Nothing really matters
Anyone can see
Nothing really matters
Nothing really matters to me"

CORAL:

"Anyway the wind blows..."

LUPICINO:

"Vai, larga do meu pé, coral dos infernos!"

[coral sai]

LUPICINO:

"Por hoje chega. Já aconteceram muitas coisas extravagantes pra um dia só. Vou tomar um comprimido de lexotam e apagar que nem vela de bolo de aniversário."

[Lupicino avista uma senhora de idade colocando um banquete na porta de sua casa. Ele esfrega os olhos para ver melhor e conclui que se trata de um despacho. Não pensa duas vezes e chuta as iguarias, jogando o prato de farofa no rosto da senhora]

LUPICINO:

"Mas o que é isso agora hein? Tome seu rumo e rapa daqui, sua velha macumbeira! Vá colocar despacho na casa do satanás!"

[A senhora sai, assustada]

LUPICINO:

"Mas será possível que não se tem paz nessa cidade? Isso só pode ser coisa da infeliz da minha ex. Ficou com o cu pipocando quando eu disse pra quenga que botei uns chifres nela. Tenho culpa se é verdade? Nego pede pra ser sincero e depois não quer ouvir. E ainda tem a ousadia de me mandar esses exus pra me infernizar. Por mim, quero mais é que prendam uma bomba no pé da rapariga e que ela se exploda. /binladen"


CENA 5:

[Festa de aniversário de uma cinquentona. Lupicino é contratado pra cantar músicas de Roberto Carlos e coisas do gênero]

LUPICINO:

"Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções
Sentindo...
São tantas já vividas
São momentos
Que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui...
Amigos eu ganhei
Saudades eu senti partindo
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar sorrindo...
Sei tudo que o amor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi...

Hehe. São tantas emoções.../roberto

[Uma mulher começa a cantar animadamente, tão alto que chega a atrapalhar o trabalho do cantor]

LOUCA:

"Amigos eu ganheiiiiiiiiiii...saudades eu senti partindoooo..."

LUPICINO:

"Alguém por gentileza pode tirar essa louca daqui?"

LOUCA:

"E às vezes eu deixeeeeeeeeei você me ver chorar sorrindooooooooo!!!!!!!"

LUPICINO: [ao microfone]

"Peço perdão à platéia, mas não tenho a menor condição de continuar a cantar com a exaltação desta senhora."

MARTINI: [em particular]

"Cara, essa é a irmã da aniversariante. Dá um desconto."

LUPICINO:

"Vixi. Cambada de família de doido."

[Lupicino continua, tentando prender o riso ao ver o espetáculo da mulher embriagada. Ao final da apresentação, Martini o aborda]

MARTINI:

"Posso falar contigo?"

LUPICINO:

"Pois não. Mas seja breve, hoje estou com vontade de meter a mão na cara de um."

MARTINI:

"Deixa eu me apresentar. Meu nome é Martini."

LUPICINO: [estendendo a mão]

"Lupicino Gerundiano."

MARTINI:

"E não sei? Ouvi falar de ti uma vez, fiquei interessado e apareci aqui para conferir. Estou precisando de músicos para contrato de longa duração e quero te fazer uma proposta."

LUPICINO:

"É o tipo da coisa: a gente é músico em início de carreira mas não aceita qualquer oferta não. Por exemplo, ter que lidar com senhoras na menopausa. Descobri hoje que não tenho vocação pra funcionário do INSS."

MARTINI:

"Haha. Tranquilo. Nada de senhoras. A proposta se trata de uma viagem internacional. Não sei se esse tipo de mudança cabe nos seus planos, mas talvez essa seja a oportunidade para expandir suas fronteiras e mostrar seu talento."

LUPICINO:

"A conversa começa a ficar interessante. Noite passada tive uma reunião com John Coltrane e ele me disse: 'You must visit New York!".

MARTINI:

"Bom, não era bem isso que eu tinha em mente. Amanhã, eu e um grupo de músicos partiremos para Pedro Juan Caballero, no Paraguai, uma cidade muito movimentada e bem turística. Eu comprei um bar antigo, mas muito bem localizado, e irei reformá-lo. Colocarei alguns músicos para tocar à noite, todos os dias, serviremos bebidas e talvez comida. Cada dia exibiremos um estilo diferente de música, assim observamos qual é o estilo mais aprovado e então nos focaremos nele adiante. Será um sucesso, não achas?

LUPICINO:

"Ah, tá. Logo vi que um sujeito chamado Montilla não poderia fazer uma proposta à minha altura. Tinha que ser coisa de pirata e pirataria. Desde quando ir para o Paraguai significa fazer uma viagem internacional? Aquilo é praticamente o cu da Amazonia. Um músico que se preze faz o seguinte itinerário: Buenos Aires - Paris - Nova Iorque. Paraguai não está no meu roteiro."

MARTINI:

"Não é Montila, é Martini, rs. Mas eu pensei que tu fosses um músico de vanguarda. Tipo, deixar de lado esse mito de que o bom artista tem endereço marcado, uma vez que o importante é o talento, e não o lugar. Poderias fazer muito sucesso no Paraguai, tornar-se uma celebridade latina, e logo depois, ires pra onde quiseres. Além do mais, de Pedro juan pra Buenos Aires é um pulo, não tardarias a lograr tua viagem. Imagina só que fascinante, o nordestino que migrou para o sul da América com um projeto totalmente inovador sem nenhuma expectativa, e acabou cativando os nativos."

LUPICINO:

"Não sei, preciso pensar. O que Amy Winehouse faria nessa hora?"

MARTINI:

"Partiremos amanhã cedo. Não tens muito tempo pra pensar."

LUPICINO:

"Está bem, combinado. Decidi aceitar porque preciso sair de casa. Muito cu pra pouco banheiro. E além disso, gosto do perigon do CAC paraguaio."

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Estátuas vivas e atrevidas


O .... diz:
n bastando isso
no outro dia
El Antifaz diz:
tem certas coisas q a gente para pra pensar: isso so acontece comigo
O .... diz:
um daqueles homens
q se pintam de prata
e imitam estatuas
quando eu estava andando na rua
e passei por ele
me mandou um bj na hora q passei
ele tava em cima de uma caixa
El Antifaz diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
O .... diz:
n tive duvidas
derrubei

El Antifaz diz:
ate com a estatua tu arranjou barraco
nao me dou
O .... diz:
"sai daqui bixa prateada"
kkkkkkkkk

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Em qualquer terra que os homens amem. Em qualquer tempo onde os homens sonhem. Na vida.


Esses dias que passei no Rio, pensei que poderia me inspirar com tanta beleza e escrever algum poema, talvez. Levei até meu caderninho vermelho com alguns escritos e ensaiei um soneto sobre a "dualidade de Arlequim- servidor de dois amos" mas achei fraco demais e não terminei. Pra falar a verdade, eu estava apaixonada demais pra me inspirar, uma vez que só o humor me inspira (e não o amor). E de tanto beber caipirinha, eu poderia escrever algo sobre, mas passando o olho pelo meu blog, vi que esse assunto já deu. Diante desta situação de branco total- e olhando para a máscara de carnaval pendurada na parede do meu quarto- para não deixar de escrever, deixo aqui o fragmento de um belo poema lírico de Menotti:

As Máscaras

O teu beijo é tão doce, Arlequim...
O teu sonho é tão manso, Pierrô...

Pudesse eu repartir-me
encontrar minha calma
dando a Arlequim meu corpo...
e a Pierrô, minha alma!

Quando tenho Arlequim,
quero Pierrô tristonho,
pois um dá-me prazer,
o outro dá-me o sonho!

Nessa duplicidade o amor todo se encerra:
Um me fala do céu...outro fala da terra!

Eu amo, porque amar é variar
e , em verdade, toda razão do amor
está na variedade...

Penso que morreria o desejo da gente
se Arlequim e Pierrô fossem um ser somente.

Porque a história do amor
só pode se escrever assim:
Um sonho de Pierrô
E um beijo de Arlequim!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Poemas etílicos (Canção do Etílico)


Minha terra tem garapa
Que se pode destilar
A cachaça que aqui é feita
Não é feita como lá

Nossa cana tem mais álcool
Nossos bares mais licor
Nossos botecos têm mais pinga
Nossa pinga é um primor

Em beber, sozinha, à noite
Mais embriagada eu fico lá
Minha terra tem garapa
Que se pode destilar

Minha terra tem etílicos
Que tais não encontro cá
Em beber- sozinha, à noite-
Mais embriagada eu fico lá
Minha terra tem garapa
Que se pode destilar

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte a tomar
Sem que beba a tal cachaça
Que não encontro por cá
Sem qu´inda prove a garapa
Que se pode destilar

Mendicância poética


Eu poderia estar matando
Eu poderia estar roubando
Poderia estar até estuprando
Mas estou aqui, humildemente
Na frente deste computador
Expressando, angustiantemente
Minha tristeza e minha dor

Peço um minuto da sua atenção
Sei que tempo é questão de escolha
Leia minhas lamúrias para que então
Eu me sinta ouvida e me recolha

Ouça, perdi meu coração naquela praça
E minha cabeça eu perdi naquele beco
Faz uma semana que me afogo na cachaça
Mas tenho sede mesmo é de prosecco

Amigo, não tomarei mais o seu tempo
Sua vida continua e a minha também
Que a minha dor sirva-lhe de exemplo
Para você dar valor à sobriedade que ainda tem

A las cinco de la tarde


A las cinco de la tarde de uma segunda-feira ensolarada (há um tempo atrás) foi quando conheci o trabalho de um dos poetas mais fascinantes de todos os tempos. E hoje, como sua fã, acabo de ler "Romancero gitano" (finalmente). Por que Federico García Lorca é meu guti guti da poesia? Em primeiro lugar, ele tem sangue andaluz e eu sou apaixonada por música flamenca. Inclusive leio seus poemas com trilha sonora de Paco, sempre :). Outra coisa é que, como bom geminiano, ele tem o dom da palavra- aquela palavra que marca, que fica, que traduz. (Deixando bem claro que existe o gêmeo bom e o gêmeo mal. Este último usa seu dom pra fazer fofoca e propagar informações inúteis que não me interessam. Já o gêmeo bom, possui, além de talento com as palavras, uma sensibilidade artística, como no caso de Chico Buarque, Flávio José, Fernando Pessoa e outros). E por último, eu prefiro ler em espanhol do que em qualquer outro idioma. Não é por isso, contudo, que não deva apreciar poetas brasileiros, muito pelo contrário. Eu podia escrever muitas linhas falando sobre a poesia no Brasil- que na minha opinião é de excelente qualidade, em todos os estilos. Mas essa postagem é dedicada à minha babação por García Lorca e punto. Mas já que toquei no assunto, nada me impede de comentar que Augusto dos Anjos sempre foi meu preferido da língua portuguesa, sobretudo porque ele escrevia sonetos- e eu adoro soneto. Acho inclusive difícil escrevê-lo (o clássico italiano), por isso aprecio muito quem o faz. García Lorca não tinha predileção pelo soneto clássico, mas me lembro de vários. Eis um dos mais conhecidos (talvez) e também é um dos meus preferidos:

EL POETA PIDE A SU AMOR QUE LE ESCRIBA

Amor de mis entrañas, viva muerte,
en vano espero tu palabra escrita
y pienso, con la flor que se marchita,
que si vivo sin mí quiero perderte.

El aire es inmortal. La piedra inerte
ni conoce la sombra ni la evita.
Corazón interior no necesita
la miel helada que la luna vierte.

Pero yo te sufrí. Rasgué mis venas,
tigre y paloma, sobre tu cintura
en duelo de mordiscos y azucenas.

Llena pues de palabras mi locura
o déjame vivir en mi serena
noche del alma para siempre oscura.

É impossível escolher o melhor ou os melhores poemas dele, pois são todos muito bem escritos. Mas este, por ser um soneto, chamou minha atenção. E sim, comecei a escrever alguns sonetos (sempre começo e nunca termino). Assim que terminar algum, publicá-lo-ei. Só não sei quando, rs.
"A las cinco de la tarde" é o primeiro verso de "La cogida y la muerte".

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Santiago do Vinho Santo


Naquele dia
Na Estação de Santa Lucía
Tomei o metrô- e já era noite
A cidade inteira bebia
Cantava o sorriso de uma sexta-feira
E as águas já se agitavam no Pacífico

Era alta madrugada
Quando a cidade, embriagada
Em pasitos sinuosos
Pelas ruas tentava caminhar
Mas num passo descuidado
De quem olha para o lado
A cidade desabou

Óh Santiago do Carménère!
Que grande porre tomaste
Para que caíste daquele jeito!
Canto a tua embriaguez
Canto a tua dança imprudente
de boêmio pela noite
E tua ressaca amanhecida no caos

Poemas etílicos (Água dura)


Água dura e fígado mole
Tanto bebe e tanto engole
Água dura e sacarose
Tanto bebe e dá cirrose

A cirrose não tem cura
Óh tanto bebe a água dura
Pra curar coração mole
Água dura é que se engole

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Poemas etílicos (Beba comigo essa noite)


Beba comigo essa noite
Que não te arrependerás
Aqui terás bom Scotch
Que no boteco não há

Terás cerveja e licor
Tequila añejo terás
Beba comigo essa noite
Que não te arrependerás

Quero brindar com prosecco
Beber e me embriagar
Esquecer que nosso fígado
Um dia pode pifar

Eu servirei aguardente
Com gelo, açúcar e limão
Beba comigo essa noite
Até cairmos no chão

Poemas etílicos (Esse Whisky)


Se esse whisky, se esse whisky fosse meu
Eu tomava, eu tomava de uma vez
Com pedrinhas, com pedrinhas de gelo
Para estimular a minha embriaguez

Esse whisky, esse whisky tem um nome
Que se chama, que se chama Johnnie Walker
Esse nome tinha um verso tão bonito
Que dizia, que dizia "Keep walking"

Poemas etílicos (Caninha)


Cachaça, cachacinha
Vamos todos cachaçar
Vou fazer caipirinha
Pra gente se embriagar

A garrafa que me deste
Era vidro e se quebrou
Toda pinga ali contida
De uma vez só derramou

A volta da blogueira


Google,
Aqui me tens de regresso
E suplicante te peço
A minha nova inscrição
Voltei pra terminar as histórias que um dia
Eu salvei no blog mas não queria
Publicar sem fazer uma revisão
Google,
Sabendo que andei distante
Desse notebook gigante
Minha conta quiseste cancelar
Mas ela voltou
A blogueira voltou novamente
Partiu daqui tão de repente
Por que razão quer retornar?